Você realmente está a fim de inovar? Mesmo, mesmo?
Esta é uma das perguntas que lanço quando uma empresa me pede ajuda para aumentar a inovação na organização.
Trabalhei durante 14 anos em multinacionais e participei de incontáveis convenções de vendas, nas quais ouvia ou mesmo dizia: “Estamos lançando hoje mais uma inovação!”. Honestamente, se tratava de mais uma extensão de linha, uma nova fragrância ou mesmo uma embalagem mais “bonitinha”. Era tudo, menos inovação.
Desde que virei EUpreendedor, em 2009, tenho pessoalmente me conectado com a jornada de aprendizagem rumo à inovação genuína. Não porque é “cool”, mas simplesmente porque é o único jeito de se caminhar em direção ao meu propósito.
E, quando cada um se conecta a um propósito ambicioso, grandioso e, ao mesmo tempo, muito simples, “innovation is the only way!”. Aliás, para se resolver os problemas complexos existentes na sua organização, em nossa cidade, em nosso País, no mundo, inovação é a direção!
A partir da minha perspectiva e experiência nesses 10 anos de vida EUpreendedora e, também, inspirado em workshops e reuniões de briefing com clientes e prospects em busca de trabalhar esse tema, apresento agora os Pilares fundamentais, para você caminhar em direção à inovação:
A) Propósito: É preciso constantemente se conectar com o seu propósito individual e o propósito coletivo da organização. O caminho muitas vezes é tortuoso, difícil, por isso, é no propósito que cada um de nós ganha força e “se inspira para levantar quando só o que se quer é ficar deitado.” Assim, como está a sua conexão com o seu propósito? E a do seu time? E a da sua organização?
B) Emoções: Quais são as emoções mais presentes no dia a dia da sua equipe? E da sua vida? Tenho reparado nos inúmeros trabalhos realizados em organizações como o MEDO é a emoção base no qual a maioria das equipes opera no dia a dia. Tudo está montado para reforçar este medo. Basta ligar a TV, abrir a Internet ou mesmo sentir a intenção por trás da maioria dos processos e sistemas organizacionais. Comando e controle em tudo, para que nada saia do esperado, do previsível. Diante deste cenário, pergunto: Como inovar se quase as únicas emoções presentes são o medo e a resignação?
C) Flexibilidade: Ainda ligado ao ponto anterior, uma vez tomada a consciência sobre a importância de sentir as diferentes emoções, é preciso desenvolver a flexibilidade. Nossa capacidade de fluir nas emoções, a flexibilidade do nosso corpo e, também, a capacidade do pensamento não linear. Inovação não está apenas restrita à cabeça e é impressionante como a maioria dos processos educacionais nos quais estamos envolvidos ainda privilegiam “o cabeção”! E você, o que tem feito para trabalhar sua flexibilidade de pensamentos, corpo e emoções?
D) Cultura: Como criar um jeito de ser e viver privilegiando a inovação, o criar, o lúdico? Na minha opinião, uma das principais missões de um líder é nutrir a cultura organizacional. A partir do propósito, todo o resto (comportamentos, símbolos, rituais, processos, relações) precisam respirar a cultura desejada. Uma busca sem fim e, ao mesmo, tempo fascinante. Como diria uma famosa frase de Humberto Maturana, “a mudança reside em tudo aquilo que queremos manter”. Os pilares culturais são o que queremos manter e todo o resto está sujeito à mudança. Aliás, até os pilares culturais mudam ao longo do tempo, já que “cultura é um diálogo com seu tempo”. Como anda, então, a consciência e a nutrição da cultura na sua organização?
E) Conversas Significativas: A inovação está ENTRE as pessoas... É o cruzamento dos diferentes saberes, dentro e fora da organização, que gera as criações. Mas como inovar se as pessoas estão ainda com dificuldade de conversar? Como colaborar em um ambiente onde as discussões, muitas vezes, estão apenas baseadas na luta por qual julgamento da realidade é a melhor perspectiva, é o certo? Como nos relacionarmos verdadeiramente se não somos capazes de sermos vulneráveis, de pedirmos ajuda quando precisamos, de sermos verdadeiras ofertas a partir dos nossos talentos? Nestes 10 anos tenho facilitado inúmeros workshops trabalhando simplesmente o ato de falar... E isso destrava inúmeras barreiras para a inovação.
F) Ferramentas e Metodologias: Este é o ponto no qual a maioria das organizações investe seus recursos. Oferecem treinamentos das mais diferentes metodologias e processos de inovação. Sem dúvida, também são muito importantes e incentivo muito este ponto. Mas, por favor, não acredite que, ao fazer um treinamento de Design Thinking para os líderes da organização, por exemplo, por si só haverá aumento da inovação... A dança entre a disciplina de um processo e metodologia com a flexibilidade, apontada no item “C” deste texto, são essenciais para se caminhar em direção à inovação. Invista, sim, em metodologias e vá além...
G) Ambientes de Interação: Este é o segundo item no qual as empresas mais investem. Além dos treinamentos, mudar de prédio para um ambiente mais “cool”, aberto, com cores mais vibrantes e mesa de ping-pong e bilhar é, também, muito comum nos dias de hoje. De novo, um movimento genuíno e muito útil... Mas isso não basta, se todos os outros itens não são trabalhados. Cuidar dos espaços de interação e expandi-los é fundamental... Quem disse que a organização se dá naquele escritório específico? Se inovação pressupõe interação, o ambiente da empresa vai muito além dos muros...
Se você reparar bem, estes 7 Pilares estão ligados aos quadrantes da Teoria Integral de Ken Wilber. O cruzamento entre o individual e o coletivo, entre o subjetivo e o objetivo. Para se inovar de maneira genuína e sustentável na organização, é preciso trabalhar, ao longo do tempo, TODOS estes pontos de maneira sistêmica.
O desafio, então, é embarcar nesta jornada! Você não terá nenhuma garantia do “output”, do resultado! E isso, meus amigos, dá pânico na maior parte dos executivos...
“Como assim, Edu? Vou investir todo este tempo e grana e não terei como garantir que inovarei?”
“Sim, pois, se eu garantisse, não seria inovação por princípio.”
Inovar precisa ser um jeito de viver... Uma abordagem para solucionar problemas em busca do seu, do nosso propósito.
E aí? Está a fim?
Ubuntu. Eu sou porque você é. Você é porque nós somos!
Um abraço,
Eduardo Seidenthal